sexta-feira, 10 de abril de 2009

Baile dos Insanos - Livro de Poesias


Este é um livro variado, mas que possue os sentimentos como base e essência para todas as poesias, seja ele o amor, ódio, angústia, alegria ou todos eles reúnidos. A poesia que dá nome ao livro possue um aspecto diferenciado das outras. Ela propoe que o leitor viaje entre a sua mente, seus pensamentos e sentimentos, abordando a manipulção por parte deles sobre nós. Em vários momentos da nossa vida, somos regidos por um ou mais sentimentos, agindo sempre baseado nesse sentimento. Há ainda uma pitada de bom humor no contexto dessa poesia.

Baile dos Insanos - Poesia que dá nome ao Livro


Ao anseio mostrado nos atos,
Cada passo se torna errante.
Dando asas ao sarcasmo mutuo,
Calando vozes gritantes.
Contemplando o teatro sombrio
Na festa dada por insanos,
Proferindo comentários intempestivos,
Por faces de enclíticos tiranos
Inerte era a verdade,
Vestida com pálida cor,
Contrastando com o grau da soberba,
Que era o par do rancor.
Era a vez do convidado de honra,
Levantou-se a ética: “eu não aceito!”
Sem cerimônias e sem licença,
Entrou ríspido: o preconceito!
O silêncio tratou de calar a muitos.
Comentários saiam sem parar,
Com voracidade e esplendido teor,
Seguiu o seu eterno andar.
Alguns sentiram calafrios,
Suaram frio e passaram mal,
Pois ele chegou tumultuando,
Era o medo trajando cristal.
Alguém batia na porta,
Suave com simples timidez,
Que pena era a sorte
E ela só bate uma vez.

Chegou o mais poderoso,
Porém sua vida não é boa;
Ele é dinheiro e têm escravos,
Não têm asas, mas o tempo voa.
A música soava forte,
Violinos, pianos e acordes;
Um forte vento sombrio,
Entrou de preto, a gélida morte.
No cardápio pratos variados,
Iguarias e molhos preparados.
-“Vou fazer cerimônia na igreja!”
Disse a gula ao encher o prato.

No destino poucos acreditam,
Ele chegou longevo e misterioso,
Olhou para todos e disse:
-“Bons tempos”
Com ar de saudoso.
A dúvida sempre desconfiada,
Com um copo cheio de sangria;
Pode-se ouvir uma alta gargalhada,
Era ela a espirituosa alegria.
A paciência ainda não saiu de casa.
A luxúria mostrou-se esplendorosa,
A fortuna ostentando jóias,
Ignorando a todos, com ar de orgulhosa.
Todos já estavam ali,
Reunidos em um só ambiente,
Dançando em passos rápidos,
Apenas a ignorância,
Rastejando como serpente.

Ser insano não é apenas ser louco;
É dar espaço na mente;
Para duras realidades,
Que inundam o consciente,
Dando-nos mascaras de demente,
Enganando o que se sente.
Já os sonhos se confundem nessa festa,
Pois fazem parte dos nossos planos,
Exalados na imensa mente,
Dançando no baile dos insanos...

A Carta do Adeus


Na minha vida uma grande importância.
Encontrei, observei e logo me acostumei.
No jeito simples de falar,
Como um dom nato.
Sua vida nunca me pertenceu,
Mas dela faço parte.
Ou fazia,
Ou nunca fez?
Neste caso, talvez um dia,
Um dia qualquer,
Você olhe pra mim, talvez não me reconheça,
Mas se reconhecer verá quem eu agora sou.
Ah! Se ao menos você tivesse olhado pra mim, mas antes bem antes.
Muito tempo passou.
Tempo é algo que perdi muito,
Dizem que nunca é tarde, não pra mim.
Poderíamos ter divido muitas alegrias.
Mas você preferiu que eu ficasse com toda tristeza.
Quantos momentos perdemos de compartilhar juntos.
Quantos banhos de chuva poderíamos ter tomado juntos.
Perdemos piqueniques ao pôr-do-sol.
Perdemos a felicidade de olhar um ao outro e dizer “Que bom que você existe”
Chances...
Palavra exclusa dos meus vocábulos.
Saídas...
Não encontrei.
Problemas...
Todos possíveis.
Amigos...
Sinceros? Nenhum.
Você conhece amor?
Acho que ninguém saberá gostar de você como eu gostei.
Ninguém chorará como eu chorei.
Ninguém pensará como eu pensei.
Ninguém verá com os olhos que eu vi.
Ninguém...
É o que meu espírito é hoje.
Fiz tudo para que você me notasse.
Corri, andei e acredite, até voei.
Voei o mais alto que pude, mesmo assim você não me percebeu.
Que pena, era o que você pensava de mim.
Que pena é o que eu digo hoje,
Você nunca saberá o que viveria comigo ao seu lado.
Por mim apenas sua sombra.
Por você apenas um grande coração.
A música foi minha fiel confidente.
Soube ouvir-me, e sempre me apoiou,
Além de me pegar chorando centenas de vezes.
Agora não precisa me olhar.
Eu não quero seu falso pranto.
Eu não lembrarei que amei você durante toda minha vida.
E não sei o que vou fazer,
O que vou fazer para esquecer de você durante a eternidade.
O amor é eterno, assim como a dor por provocada por ele.
E assim como as lágrimas derramadas por ele.
Eu tentei te dar todas as flores do mundo.
Você não quis.
E agora você joga uma amarga rosa sobre meu caixão.
Como eu dissera: que pena.
Você demorou. E a demora me corroeu.
A morte chegou primeiro que você.
Mas esta carta que escrevi antes de partir, chegará a suas mãos.
E a leia ouvindo aquela música que eu sempre dediquei a você.
Só lendo aquela carta, você saberá que te amei até o último suspiro.
Saberá que nunca brinquei de amar.
Que pena.
Não se culpe.
Levei comigo minhas esperanças,
Elas morrerão agarradas á mim.
Foi tarde.
É tarde.
Agora é tarde demais...

A Ponte


Sozinha e vaga,
Triste e apagada,
Morta sem vida,
Com face deprimida,
Sem vestes: despida
No inverno,
Cenário vago.
No verão,
Cenário de namorados.
No outono,
Lagoa de patos.
Na primavera,
Um mapa ilustrado.
Os pássaros se encontram,
As árvores se torcem,
Com o forte vento,
As feias corujas sofrem.
Parte inerte da paisagem,
Completa a doçura da bela imagem,
Desenhada pelo artista,
Como arco-íris, uma miragem.
Tudo passa,
O pôr-do-sol e o luar,
O sabiá a cantar,
O coração a amar,
A vida por viver
E os sonhos a realizar.
De onde se vê o mar e a fonte
De onde se vê o horizonte,
De onde se vê a imagem refletida,
De cima da pequena e humilde ponte.

Deus




Deu-me a vida sem cobrar por ela,
Mesmo sabendo que todo o dinheiro do mundo,
Não chega aos pés do seu verdadeiro valor.
Foi meu advogado,
Mesmo sabendo que cometi os piores e mais repugnantes
crimes.
Deu-me amor,
Mesmo sabendo que meu coração possuía ódio.
Deu-me muitas coisas,
Mesmo sabendo que eu talvez não fosse lembrar de lhe agradecer.
Perdoou-me,
Mesmo sabendo que eu retornaria a errar.
Deu-me fé,
Mesmo sabendo que eu não acreditaria.
Criou os mandamentos,
Mesmo sabendo que eu não os cumpriria.
Criou as Escrituras em centenas de paginas,
Mesmo sabendo que mal leria uma ou duas paginas.
Levou sete dias para fazer as belezas do mundo com o maior carinho, capricho e perfeição,
Mesmo sabendo que eu destruiria tudo em um dia.
Ensinou a amar a todos,
Mesmo sabendo que eu desrespeitaria o próximo.
Deu-me a maior, melhor e mais brilhante máquina de pensar, capaz de fazer milhares de coisa ao mesmo tempo,
Mesmo sabendo que eu usaria esse poder para o mal.
Não hesitou em dizer “Meu filho”,
Mesmo sabendo que eu o renegaria.
Deu-me oportunidades,
Mesmo sabendo que eu as desperdiçaria.
Sempre pensou, zelou e cuidou de mim,
Mesmo sabendo que nada disso eu retribuiria.
Deu-me força para construir um lar doce lar,
Mesmo sabendo que eu não o convidaria para entrar.
Ajudou-me a construir fortunas,
Mesmo sabendo que eu, quando rico, desprezaria o pobre.
Entregou-me aos braços de uma família,
Mesmo sabendo que eu separaria a todos com discórdia.
Deu-me muitas alegrias,
Mesmo sabendo que eu cultivaria a tristeza.
Fez nascer lindas rosas no meu jardim,
Mesmo sabendo que eu não iria regá-las.
Ajudou-me a subir as grandes colinas,
Mesmo sabendo que eu não ajudaria outros a subir.
Deu-me vida e mais vida,
Mesmo sabendo que um dia eu iria dizer: “Prefiro morrer”.
Mesmo sabendo de absolutamente tudo isso,
Nós ainda temos a coragem de olhar pro céu e dizer:
“Deus, por que me abandonastes?”